Blogando 0003


Peraí.
Estou me munindo (tentando) de tato.
Não estou a fim de entrar de sola agola, digo, agora.
Só recentemente descobri que não se pode ir botando tudo pla fola, digo, pra fora assim de supetão e lamento pelas vezes em que o fiz antes de tal descoberta.
(Um, estou dando Enter ao fim de cada período, pressinto algo de trágico na minha atitude. Vou-me esforçar (tentar) para que o fim chegue sem maiores incômodos.)
O "tato" me ocorreu porque antes de iniciar este Blogando 0003 dei uma passeada por uns blogs por aí e, pra variar, fiquei meio desacorçoado.
Jesus Christ, que sem fundo poço de narcisismo é essa blogosfera.
Okay, este meu tampouco escapole à regra. Mas, juro, não é por mal. E admito (reconheço) que os totalmente incônscios de que existem outras vidas além das suas cedo ou tarde se vejam forçados a propalar as quedas e ascenções que vêm experimentando desde o berço. E então, sob o imaginário ribombar dos imensos surdos e o rufar dos feéricos tambores da gênese de suas metafísicas, alardear ao universo que ele, novíssimo paradigma do narciso(a) internauta, chegou para desbravar (domesticar) esses circularmente irreconhecíveis camaleões conectivos que haverão de nos devorar a todos.
Peraí, peço.
O tato.
Esqueci do tato.
Graças ao barão do Rio Branco não fui indicado para comandar o Itamaraty.
(Certa vez aquela fui na Varig lá perto do Aeroporto de Congonhas fazer uns testes para umas vagas de comissário de bordo. Me pediram para desenhar uma árvore e desenhei. Me mandaram bosquejar um ser humano e bosquejei. Me disseram para redigir um resumo da minha vida e, mesmo assombrado com a tarefa (resumo? como assim? vida se resume? posso dizer tudo? pode!), redigi. E ao fim do processo falaram pra eu escrever o que quer que me desse na cabeça e escrevi que se tivesse ao meu alcance o botão do fim do mundo, aquele que aciona todos os mísseis nucleares contra todos os alvos, não hesitaria em pressioná-lo á-lo alo.)
Lá se vão décadas. O botão do armagedão continua aqui pertinho de mim, imaginário e consolador. Sem ele não tenho como prosseguir. Quando não houver mais saída, forjar-lo-ei instantaneamente de modo que as inúmeras inconsistências do meu plano num passe de mágica se resolvam e me poupem do calvário de recalcular, recalcular, recalcular minhas chances de autodelação premiada.
Ah sim, o tato.
Finalmente logro extraí-lo dos meus intestinos (recônditos).
Colegas da blogosfera, todos havemos de convir, não há crime em apelarmos à nostalgia mórbida para debelar de nossas frágeis cabecinhas a confusa astenia que nos oprime desde que nascemos.
David Edgard Wallace estava errado.
Que mal há em clicar quase que casualmente numa musiquinha dos Beatles, fechar os olhos e viajar para o futuro e/ou para o passado sem pagar passagem?
Esses escritores exigem de nós pobres mortais nostálgicos atos de bravura que não estão ao nosso alcance.
Não à toa, Wallace se enforcou na sala de sua casa, indiferente ao fato de que seria encontrado por sua mulher quando ela abrisse a porta da frente.
Não sei se a mulher de Wallace era nostálgica antes disso ou passou a sê-lo depois.
Eu era.
Eu passei.
Nunca serei diplomata.




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