Blogando 0016


Não sou eu quem vem postando neste blog nos últimos tempos e quero me desculpar.

(Não, não é o caso legítimo de se desculpar, mas nunca é demais pedir desculpas quando você confessa não ser quem realmente é.)
((Não, não estou confessando ser quem realmente não sou. Ou não ser quem realmente sou. Tampouco ter omitido que não sou quem sou. Ou que sou quem não sou.))
(((Na verdade (uggggghhhh!), não estou confessando porra nenhuma. Detesto confissões. Odeio confidentes. Sobretudo os confidentes espontâneos, a quem ninguém está pedindo que confesse o que quer que seja. Ah deus maldito, por que me fizeste nascer nesta era dos homens-bananas e seus fantásticos sentimentozinhos de percevejos? Okay, okay, não sobreviveria dois minutos como carregador de escudo dum sir qualquer nas Cruzadas, confesso. Não, não estou tentando fazer graça, jesus! Como me exaspera esta época que nos exige ser simpáticos a cada palavra a cada segundo a cada ciclo a cada bocejo. God! God! God!)))
Sim, Pessoa já disse tudo sobre não-ser depois de Shakespeare ter dito tudo sobre não-ser 400 anos antes.
Porra! Qualquer poeta digno do nome já disse tudo e mais um pouco sobre não-ser, qualquer poeta digno do nome já disse tudo e mais um pouco sobre tudo que é caro a cada um de nós, qualquer poeta digno do nome já firmou a jurisprudência das nossas infinitas fraquezas, ohhhh!!!! quão fracas, quão infinitas, quão pusilânime é cada um de nós em sua pusilanimidade de inseto, jesus!
Mas nem Pessoa, Shakespeare nem qualquer outro dos meus santos poetas poderá me substituir agora em meu papel de admitir — é isso mesmo, caralho! admito, admito, admito (e admito (e admito (e admito))) — que, ó senhor, não, não sou, não, não sou eu quem vem postando neste blog nos últimos tempos!
E já não sei se quero me desculpar.
Já não sei nada.
E quero me desculpar.
Não sei nada.
E não vou me desculpar.

2 comentários:

  1. Hahahha!!! Hilário ( no mínimo ). Até que enfim encontro alguém com a língua solta como eu! Não, não...Eu não como eu...rss
    Adorei!

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  2. Ah, língua solta é fácil. Língua solta, ai que delícia, quando foi mesmo que escutei essa no ar à minha volta? Foi quando tinha a língua presa.

    Pra soltar a língua temos de soltar a buceta. E o pinto. E o rabo. Antes disso, não soltaremos nada, absolutamente, que valha a pena soltar.

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