É
noite de sábado e só me resta falar do meu eterno bode expiatório – o sr. Verissimo.
Não se preocupem, vou pegar leve, Verissimo acabou de sair duma enorme
barafunda pessoal e merece arrego. Mas não posso deixar de afirmar alto, bom
som que Verissimo é a primeira-dama da literatura nacional. Com a relevância
que toda primeira-dama tem. (Sai pra lá, Tolstoi. Agora taux ocupado.)
Há
mais de uma década que Verissimo virou um angu malcozido lentamente esquecido
no banho-maria já frio no fogão. E eu que tenho culpa?
Sempre
que vejo a cara bonachona, pachorrenta, satisfeita, ligeirissimamente irônica
na coluna do Caderno 2 do Estadão ao lado daquelas suas ilustrações de cunho
próprio que parecem sugerir que há uma genialidade oculta sob o preprimarismo
do traço, me pergunto por que raios um cara inteligente e talentoso desses não
se aposenta, não, não para aproveitar a
velhice depois de toda uma vida dedicada à literatura, mas sim para deixar de
sustentar a classe média à base de ração pseudoliterária.
Sempre
que alguém menciona Verissimo me dá uma gana danada de abrir um talho num pulso
com a gilete que herdei de papai, de encher uma canequinha de sangue, de mergulhar
nela um pincel e pichar num muro no centro da cidade sei lá o que quero pichar
onde quer que seja.
Well,
23:27 horas deste esplendoroso (ai que adjetivos me doem) sábado e eu aqui ainda achando que não disse
tudo que queria dizer.
Você
já?
Já
disse?
(Acabei
de descer a avenida sob a luz do crepúsculo que se fez de outonal neste verão
legitimamente meu, depois te conto.)
Believe
me, não acredito.
Sim,
sou eu aqui nesta noite de sábado persistindo em fazer poesia online. Haverá
algo mais impossível? Não, não haverá.
Algum
gênio cibernético podia inventar um escalabuláfio e dizimar instantaneamente
todos os internautas do mundo e vou sorrindo descontente.
Olho
e quero ficar cego. Penso e não acredito.
Pergunta:
que raios de solidão é esta (esta)?
Seremos
capazes de superá-la como até hoje vimos superando aquela outra, a antiga, a
dos seres abençoados com a solidão humana, natural, digerível dos que nasceram
num planeta que um dia foi previsível?
Okay,
alguém que me leia fará chacota deste meu lamento e continuarei sorrindo por
mais uns minutos.
Eis
tudo que imbecis cibernéticos podem fazer, nesta geração de digitais umbilicais
que não imaginam quem foi Keats.
Fôdanse
os imbecis.
Prefiro Veríssimo pai, do que Veríssimo filho.
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