Maus pensamentos marchetados de papeluchos multicores

Você acha que temos uma bandeira que hasteamos ao andar pelas ruas?

Quando for
Quero ir
Rindo

É, sei, a melhor maneira
De não atentar aos
Detalhes do Caminho
Como quando
Choramos

Passarei pelos cemitérios
E os túmulos haverão de
Ressuscitar alguma ideia
Alvissareira há décadas
Morta no fundo do meu
Cérebro

Logo pela manhã
Depararei com
Cadáveres e então
Sentirei meus pés
Chafurdando nas
Nuvens

Quero ir rindo porque
Rindo é, sei, a mais
Rápida maneira de 
Ir

Porque, sei, rindo é
A senha mágica para
Escutar os mortos ruídos
Vislumbrar os mortos rostos
Amar os mortos amores

Sim, estou convicto
Acho
Uma bandeira está 
Hasteada na proa
Da minha pequeníssima
Vida
Que outros não puderam enxergar
Porque vidas pequeníssimas desse
Tipo não vale a pena abalroar

Não tremula (ela) ao sabor dos ventos (ponto final)
Não tremo eu sob o açoite dos teus finíssimos cabelos espargindo no mundo o perfume da vida
A rolar quase abstratamente pela pele do meu rosto

Mais que rindo
Quero ir é a dançar
As mãos cruzadas
Roçando a suave protuberância dos teus quadris
Tuas mãos agarradas na minha nuca
Netuno te puxando de volta pro fundo do
Mar

Um comentário:

  1. Ao menos tem-se o riso. A gente ri e acha rindo absorvemos o mundo. É uma troca absurda. Belíssimo poema.

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