Fourteenth of the Year

Acho que chegou a hora
De contar um dos meus
incontáveis segredos
Um que aprendi menino
Quando 'inda sabia o mundo
Quando não tinha desaprendido
O que havia de bom
E me tornar o analfabeto da vida
que hoje sou

Estava aqui
respirando
E me lembrei do segredo
em que nunca mais tinha pensado

Deve haver uma razão para esse esquecimento
Como há razão para esta lembrança

O segredo, que o menino sabia e
O homem esqueceu
É que não existimos à toa
Não, não se trata de nada esotérico
Nem metafísico
ou cabalístico

Desde então tive
ojeriza por tal noção
Pois à medida que me graduava
no analfabetismo de ser
Este sujeito
culto, sagaz, sofisticado
aprisionado sob os próprios
critérios científicos
Este pobre-diabo inepto para o
prazer
Este auto-esquecido que de repente
me tornei

E é, o segredo, duma verdade tão,
Mas tão simples
Que fácil se diluiu nos delírios
Da minha destrambelhada cabeça
Sumindo como se nunca me
tivesse ocorrido

Existimos para amar
E quando não amamos
Nos esquecemos
Da razão de existir

De existir

Nenhum comentário:

Postar um comentário