Second of the Year

Você já pensou em ter uma vida só sua?
Sobre que pudesse ter relativo controle?

Já pensou em ter pensamentos realmente seus?

Claro, ninguém seria capaz de tanta originalidade, de individualidade tão própria, que pudesse se desconectar totalmente do mundo. Sujeitos como Beethoven e Proust chegaram perto. Foram, cada qual à sua maneira, tão eles mesmos, que acho que não seria imbecilidade dizer que tiveram pouco em comum com o resto de nós coiós condenados a mugir no meio do gado.

Eis pois que não é com gente hors concour que quero falar. Quero falar é com você aí, membro da minha simpática plateia de quase três leitores que não perde uma palavra que venho registrando neste humilde blog há uns tempos.

Com os mugidores não vejo por que dialogar. Pois que mugiriam muuuu e não saberia o que dizer. Que é que se retruca a alguém que muge na tua direção?

É mais que óbvio que estou morrendo de vontade de tascar a lenha no facebook e esse fantástico rebanho planetário de bilhões de robozotes diariamente ávidos por assistirem ao derretimento de suas personalidades sob o efeito dilacerante do estraçalhador de cérebros inventado pelo Mark com sua carinha de flanelinha honesto.

Não é fácil fugir do tema humano mais importante depois da Guerra Fria. Mas sei que meus quase três leitores se cansaram das minhas velhas diatribes e vou postergar o assunto pra outro dia.

Hoje quero apenas perguntar se você já pensou em ter pensamentos realmente seus.

Isto é, não ditados pelos publicitários, não direcionados por Veja, Cláudia ou Foreign Affairs, não manipulados por padres, pastores, médiuns ou políticos, não inspirados por escritores ou poetas, mas absolutamente, exclusivamente seus.

Sem cálculos diplomáticos, premeditações ou prevenções, concessões espertas, negociações sensatas, ponderações de quem sabe o que é bom pra tosse.



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