Sô tá
menstruada e quer transar de manhã, à tarde, de noite e de madrugada. Perdeu o
resto da vergonha quando mencionei que era sinal de otimismo e crença na vida. Sei
jogar meus leros quando vejo a coisa preta. Deu uma arrefecida, consegui me
poupar da trepada da madruga. Acho que pouca coisa nesta vida é mais complicada
que mulher em cio permanente com vocação pra macho. Mês passado ou retrasado a
solução foi ir no chópin e comprar um anel de opala banhado a ouro, quase
trezentos paus. Não esquenta, nenê! Agradar o companheiro ou a companheira é o
dinheiro mais bem gasto do mundo. Na hora me perguntei se ela andava lendo o
Fabrício Carpinejar, achei deveras improvável. Carpi é muito feio pruma mulher
como Sô que sabe o que quer. Mulher que sabe o que quer quer machos alfa. Todo mundo
quer, até eu. E Carpi precisa se decidir se quer ser poeta, escritor ou subcelebridade
televisiva. Já bastava aquele poema-homenagem às vítimas da boate Kiss, “meu
estado”. Bom, aí chegamos no Vera mas o Vera é caso à parte, escreve redondo e
não sofre de pseudices apesar de eterno candidato a Jorge Amado do Sul.
Penso em Sô dia
e noite e o que me distrai, assombra e atormenta é sua rusticidade, física,
cultural e afetiva.
Foi o, acho,
que encantou com relação a Sílvia, uma plutocrata assexuada que padece
envergonhadamente duma agonia jamais assumida, não por razões justificáveis, “nobres”,
como é o meu caso, mas porque, jesus, não pega bem.
Sei bem o que não
é pegar bem. É o lema sob o qual nasci, cresci e gorei. E não vejo solução
simples à vista. Uau, meu bem, de repente me deu imensurável pena de você. Não
suporto comiseração por outros, se volta contra mim.
Sô deita na
cama, abre as pernas, agarra minha barba, me puxa me forçando a lamber a buceta
melecada de sangue e me lambuza a fuça, quero me olhar no espelho, não deixa,
devo tar com a cara do charles manson, tocam a campainha.
Deve ser papai.
Não! abano a
cabeça.
Enrola o lençol
no corpo como faz a madonna naquele filme, vai ver, volta, é engano, fico
cismado, engano a porra.
Deixa de nóia,
bebê, puta merda, estamos em pleno verão, vê se curte um pouco. Vem cá, mete
nessa bucetinha generosa matriz de todos os males e além.
Posso lamber,
sugar noite fora se preciso for, já não vejo sentido em reproduzir. Tenho culpa
se somos meros animais, inclusive na incapacidade de nos sabermos animais? Não ouso
explicar tamanha profundidade a ela, obviamente. A animalidade não admite instâncias
outras e é aí que me sinto ludibriado por esse controle que não me permite que
o olhe de frente. É tudo incalculavelmente mais simples quando você vê novela
ou escuta um roquinho.
Até uma época
gostava de culpar papai por não ter me alertado que era um condenado a viver a
vida. Ele fez o mesmo com o pai. Rio. Querendo chorar. Por que não posso chorar
desbragadamente simplesmente?
A resposta é tão
óbvia, que dá vergonha explicitar, não é?
A resposta é o
cheiro de sangue fresco minando duma buceta a se refestelar no teu fucinho.
Ela me puxa, me
lambe a cara me limpando a boca e a barba. Dorme bem, fofo. Sonha comigo. Se roncar,
amanhã vou te botar aquele anel terapêutico que a anvisa proibiu.
Desmaio sonhando
que nunca mais haverei de ler Jorge Amado, a culpa não é minha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário