Twenty-Seventh of the Year

Taux indo depressa demais. Tenho essa cociguinha de que meus quase três leitores não tão me acompanhando direito. Caras, peço que prestem atenção, é absolutamente importante.
Só não me peçam trocadilhos ou joguinhos de palavras com as âncoras que lastreiam minha vida. Vocês sabem, não dou valor (muito) pra minha vida mas esse desprendimento não significa porra nenhuma when the saints come marchin' in.
Sô me pede pra acompanhar ela até o Extra. Precisa dumas coisinhas que o mercadinho do Dudu aqui na esquina não dispõe. O taxista dela nos leva, orgulhoso do carrão que o governo lhe franqueia quase de graça com isenção total de impostos. No problem. Cara, sou da geração woodstock, vi uma cacetada de pilares da sociedade se abalroarem na lama daquela fazenda a algumas dezenas de quilômetros de New York City. Eu mesmo sou um enlameado virtual.
O táxi para na esquina e entramos. Se não se diverte num supermercado, desista, você não nasceu pra perceber a comédia humana, não nasceu pra escrever, vá ver tevê. A ferocidade com que os fregueses pilotam seus carrinhos, o fascínio com que se deixam atrair pelos rótulos nas prateleiras, a insensatez com que se ferram uns aos outros pelos corredores, está tudo lá. Não precisamos de antropólogos da USP.
Sô me incumbe de pegar frutas, muitas, todas. A metade vai pro lixo, não tem quem come. Não, apaga o último período. O espírito do Fabrício Carpinejar desceu de novo. Ô praga.
Enquanto peso as frutas Sô pega um monte de laranjas pera e mistura com as lima. Se bota a um canto, cruza os braços e fica olhando.
As freguesas vão chegando com aquelas carrancas de águias que sabem o que esperar da vida. Quando saímos do mercado ela tira um sabonete lux do bolso e um salame que escondeu entre as calças e a barriga.
Quando entramos no carrão do taxista, ele diz que um sujeito chegando tinha parado o carro no meio da rua, esperando que outro saísse e desocupasse uma vaga. Um pouco mais adiante havia três ou quatro vagas que o sujeito não quis ver.
De repente sinto alguma simpatia pelo taxista da Sô. O cara é versado em Freud sem saber. Não somos todos?


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