Se um céu
existe, é lá onde nos unimos àqueles que perdemos.
Não um
reencontro.
Um encontro
apenas.
Um encontro
definitivo, sem tempo nem passado.
Um encontro sem
futuro nem sempre.
Sem nunca, sem
não.
Um constante
sim.
Um eterno sem
fim.
Se um céu
existe, é lá onde nos abraçamos à mãe e ao pai.
À irmã e ao
irmão. Ao filho e à filha.
Ao primo da
cidade distante do interior.
À prima
distante que morava na outra esquina.
É lá aonde
foram nossos cães e gatos ao desaparecerem de nossas vidas.
Lá onde
sabemos. Não por milagre — não há milagres no céu.
Se existe um
céu — não esse com que sonhamos dia e noite,
E que faz das
nossas pobres cabeças uma prisão no inferno,
O nada mais
terrível,
Mas lá onde não
perdemos ninguém e ninguém nos perde
Não esperamos
ninguém e ninguém nos espera,
Onde somos o
que somos,
Onde estamos
onde estamos.