Reblogando 0039

Às vezes releio a esmo uma das minhas postagens antigas e quando li essa que vai abaixo achei por bem ressuscitá-la. Para quê? Para mim mesmo, claro. Quem lê o que quer que seja na internet? Ninguém e todo mundo. Assim vamos jogando palavras fora aos baldes e ninguém mais dá a mínima. O teclado cibernético ubíquo converteu a palavra em menos que lixo, menos que pó, menos que molécula de vestígios oníricos. Todos rimos, todos escrevemos, todos matamos a literatura.


Se um céu existe, é lá onde nos unimos àqueles que perdemos.
Não um reencontro.
Um encontro apenas.
Um encontro definitivo, sem tempo nem passado.
Um encontro sem futuro nem sempre.
Sem nunca, sem não.
Um constante sim.
Um eterno sem fim.


Se um céu existe, é lá onde nos abraçamos à mãe e ao pai.
À irmã e ao irmão. Ao filho e à filha.
Ao primo da cidade distante do interior.
À prima distante que morava na outra esquina.
É lá aonde foram nossos cães e gatos ao desaparecerem de nossas vidas.
Lá onde sabemos. Não por milagre — não há milagres no céu.


Se existe um céu — não esse com que sonhamos dia e noite,
E que faz das nossas pobres cabeças uma prisão no inferno,
O nada mais terrível,
Mas lá onde não perdemos ninguém e ninguém nos perde
Não esperamos ninguém e ninguém nos espera,


Onde somos o que somos,

Onde estamos onde estamos.