Vous délirez, monsieur Wil

Você aí, doente de fotofobia
Você aí que, de tanto habitar as sombras ou as cercanias das sombras, se habituou a coexistir com ratos, baratas, vermes e outros seres rastejantes
Você aí que morre de medo de deixar suas pegadas pelo caminho e que por isso mesmo se acostumou a dar passinhos sorrateiros, quase traiçoeiros
Você aí que usa dez, vinte, cem, mil rostos, nenhum deles real ou verossímil
Você aí que morde os lábios pra não chorar, que tampa a boca pra não gargalhar, que contorce o rosto em medonhas caretas pra não dar bandeira
Você aí que não se olha no espelho com receio do que pode enxergar
Você aí que, qual erva daninha, medra em silêncio e, qual predador, ataca em emboscada e, qual cordeiro, cai no choro quando se perde do rebanho
Você aí que, de tanto usar máscara, se esqueceu da própria imagem
Você aí que bate e esconde a mão
Você aí que arreganha os caninos e mete o rabo entre as pernas
Você aí... Você aí... Você aí e ali e acolá...

MOSTRA TUA CARA