Abobalhante milharal

Uma galinha embarca
Na máquina do tempo
Decidida a ciscar pelos
Anos passados atrás
Dos grãos que perdeu
Ou deixou de querer
Não sabe ainda se deve
Traçar um plano, talvez
Um roteiro, ou simples-
Mente ir parando a esmo
Na viagem de volta
Lhe ocorre a dúvida:
De volta para onde?
Onde tudo começou (ou
Acha que tudo começou)
Ou onde parou no tempo
Qual estátua em eterna
Homenagem a si mesma?

As perguntas que lhe cabem
Nessa hora, essas não as
Faz
Como toda galinha de
Repente tomada de
Obsessão por ciscar
Retroativamente seu
Caminho, tem a cabe-
Cinha tomada das
Respostas erradas
Às perguntas erradas,
Os olhinhos anteci-
Padamente cegos para
Os horizontes que por
Uma razão ou outra
Deixou de registrar. Ah,
Que infinidade de pos-
Sibilidades lhe oferece
A jornada. Não! nada
De planos. Que o aci-
Dental determine seus
Passos. Se lograr perder-
Se, melhor. Terá se
Perdido pela boa busca