Da série Olhos imundos I

olhos
imundos
a obscurecer meu dia
vasculhada noite
não mais minha

olhos carregados de vazio
me atraem qual
buraco negro nos
confins da
alma
puxa a luz
pestanejando contra
a subversão, despupilados
olhai,
vosso papel de mirar
o chão

me pergunto, haverá
neste mundo higiene
bastante que remova
do meu mais soturno
pesadelo vosso negro
brilho

minha cidade se
inunda da tua voragem
infecunda

dos cílios penteados por
cabeleireiro agora
espero a
úmida,  infértil

água a brotar
surpreendente
do fundo
da superfície
em lágrima de pedra
a choramingar meu
troféu