Um bilhão de
ganidos
Lamentos
Sibilos
Choros
Espirros
Gritos,
gargalhadas, xingos
Enchem de nada
A noite
Vadia
E lá no meio
E lá no alto
Tua voz
Serena e desassombrada
Indiferente à
comoção
Planetária
Esmaga o alarido
Bilionário qual
Trovão apático
A se impor sem
Pedir licença
Sob a balbúrdia
Dos loucos
Escuto tua
Voz
Por sobre a
algazarra
Dos fanáticos
É tua voz
Que escuto
Do uníssono
Destoa
Do coro
Desafina
Da ordem
Unida debocha
É
A voz
Única
Do poeta
Que vem
Encher dum
pouco
De amor e
Esperança
Minha noite
Imensa, minha
Noite vazia