Esta noite
quero pronunciar dos nomes o mais melífluo
E, o mais melífluo sendo,
Contenha todos os
possíveis nomes de caber
Em um único e só.
E quando desanuviar
o cenho de granito
Da estátua despreocupada
A esfinge ébria,
com a autoclausura
Do gelo horrorizada
Terá se perdido
das origens
Da Lua? Júpiter?
Alfa Centauro?
Mirando sorrisos
para onde
Os seres não
têm terra
Não têm onde
Não têm nada
Não são nada.
A vítima no
mesmo instante
Cai cega e
Esquecida da
utilidade das
Aspas e
parênteses e
E o faustoso
livro estufado do vocabulário
Da cartilha
escolar.
Basta.
Não nasci para aprender
a humildade, não presto para cultivar a modéstia.
Tenho guardado
comigo até meu último segundo o nome, a senha da face oculta da lua nesta noite
de sábado que guardei na minha remota adolescência.
A alegria anda longe
dos meus olhos.
A recompensa do
esquecimento foge do alcance das minhas mãos.
Não há incógnitas.
Estou farto de
mistérios.
Estou farto de
mistérios.
Estou farto de
mistérios.
Nada do que está
recôndito me interessa
Nada quero que
não possa ser achado
E se acho é
porque não procurava
E se procurava
era porque já não me interessava
Me diga: pra
que mais?
Não estamos num
concurso televisivo.
Te digo:
Não sonhe
Comigo
Digam o que
quiserem, não me importa.
Me importa é que
ontem saí de casa
Rumando sem
rumo
Acariciando no
bolso o nome que tenho pra chamar
E caminhando solitário
sonhei
Sonhei solitário
que
Chegava solitário
a uma festa
Fadado à minha
solidão
E eis que nos
primeiros passos salão adentro
Alguém me
estende a mão
“Oi!” e declara
um nome
E aceito o
gesto e aperto os dedos entrelaçados nos meus e não digo nada, só reconheço.
Será a vida um
liquidificador?
E se for?
Que mistura fará
de nós?
Não.
Quem sabe seja
um liquidificador para uns, não para todos.
A luz das
trevas não existe.
A luz das
trevas não quer dizer nada, salvo um desejo obscuro, inconfesso que parece tão
imenso no escuro da noite mas míngua na tíbia, tíbia, tíbia...
No que quer que
haja de tíbio na manhã em nós.
Eis que chega a
hora de partir e
Dou meia-volta
já esquecido do teu rosto
Que forra o céu
do lusco-fusco sombrio
Qual a foto do
meu planetário.
Não me pergunto
que é que está havendo
O mundo não
entrou em convulsão
Não tenho cólica
no coração
E se for
conspiração
Jamais saberei.
Missão cumprida
Já criança
Sim, já.
Movido a paixão
Por todos os
deuses e as deusas do éter
E todas as
possibilidades
Que me atiçavam
lá de longe
A me remover
da insuportável pobreza
Deste mundo.