Vou pelo dia e pela noite descobrindo
pedrinhas literárias. Ponto.
Até podia me autodesignar um Descobridor de
Pedrinhas Literárias se desse importância pr’essas coisas.
Algumas delas até luzem e reluzem sob
este meu céu sem lua ou enigmas
Se fosse esperto, bem esperto, esperto
como esses espertalhões que abarrotam o mundo, as podia colher, quem sabe
abarrotar com elas um baú e no fim dum dia, dum ano, duma vida me sentar pachorrento
na tampa do desgraçado ao fim da tarde, pernas bem abertas pra que não
duvidassem da minha masculinidade, pernas balangando pra que não notassem minha
perplexidade
E, cruzando os braços pra que me tomassem
por um desses viventes satisfeitos de viver, me declarar dono dum tesouro
Cada uma dessas pedrinhas vale menos que um
grão de areia
Inda se fossem remanecentes dum espelho
estilhaçado
Teriam algum valor se nunca as olhasse
Valeriam um caco de vidro – com o relativíssimo
valor que possa vir a ter um caco de vidro – se nunca as descobrisse
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