depois de antes

CHUÁ!
que delícia, o copo cheio
tomo a vida nas duas mãos
a minha e a que nunca foi minha
a que roubei de mim furtivamente
no início das noites de sábado e
a que arranquei dos olhares ternos
enraivecidamente para saciar meus
olhares mornos e num instante vê-la
absorvida pela areia ávida de mim

que gozo sorver-me aos bebericos loucos secos me poupando para o auge da festa quando galgarei o mais elevado dos trampolins e sem mensurar o caminho percorrido nem me comparar aos urubus e às gaivotas dos meus horizontes saltar para dentro e mergulhar na profundeza abissal do meu oceano narcísico

e tomar meu caminho
e rumar para meu lugar

aqui sou imperdível
aqui sou inacabável
aqui estou morto
aqui estou vivo
aqui sou irreconhecível

Não devo temer o próximo segundo
Estou nascido e sou para sempre
Quem não sabe onde botar as mãos
Como irá distrair os próprios
Pensamentos quando se é impossível?

sou eu ainda
a me debater
pelo quase nada que
restou
O mais difícil
O mais difícil de tudo
É saber parar
O duro
O duro mesmo
É desistir