Ainda não

Não há razão para chorar
Não há razão para – surpresa! – rir
Não tenho razão para escutar Mozart
Nem para ouvir Paul McCartney
Por um décimo de segundo dispara um sentimento enterrado há décadas dentro de mim
Não me dou o trabalho de fazer a arqueologia – tantos são os fósseis que esqueci ou abandonei em mim, esqueletos a se amontoardia após dia sem que eu perceba na minha vida que corre à minha revelia
Taux doido para falar do que sempre falo – impossibilidades, suicídio, bebida, tédio – mas queria falar de mim
E de ti
Queria falar de ti mas não posso
Não posso falar de nada
É assim que fico quando não tenho por que rir ou chorar.
É assim que fico quando redescubro pela enésima vez que não posso estar em outro lugar
Nem ser outro