Autotributo a quem não sou

Deu errado, cara.
Não acredito.
Podia ter sido diferente?
Podia.
Só desta vez?
Fiz o que pude, cara.
Não esqueceu nada?
Não, tenho certeza.
Era de esperar.
Mesmo assim.
Fiquei de queixo caído.
Embora também esperasse.
Por que não é um sonho?
Uma lenda?
Sol a pino no meio do Saara ao meio dia?
Aos noventa, na UTI, o instante anterior ao impacto?
Sim.
Quando não houvesse mais esperança.
Não.
Quando a morte não fosse a última esperança.
Quando um mendigo não fosse o mais digno dos homens.
Foi tão rápido.
Demorou tanto.
A moeda perfeita.
A moeda sem lados.
Se tivesse me calado.
Se tivesse gritado.
Ainda assim, dois caminhos não havia.
Podia ter me afastado.
Quem sabe, antecipado.
Viver é uma ciência.
Mas há exceções.

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