Estou chegando duma cidade. Não sei
direito como definir. É lugar cheio de incógnitas, labirintos e artes.
Passei ali não mais que átimos. Mas suficientes
não para conhecê-la e sim para abismar-me.
É uma cidade em que tudo é planejado. Um
planejado esquisito.
As ruas na maioria são paralelas, e os
pedestres, muitos deles amigos, parentes e até amantes, parecem caminhar
paralelamente — como destinados a se encontrar no infinito.
Todas, simétricas ou não, a mim deram
impressão de que, ao invés de levar a algum lugar (como deve ser o propósito de
todas as ruas), não levam a lugar algum. E os pedestres que nelas caminham aparentemente
têm destino tampouco.
Quanto às praças... Essas, na maior
parte, são circulares. E quem nelas se põe a passear é como se entrasse de fato
num círculo do qual não quer — ou não pode — mais sair.
Acabo de chegar daquela cidade, indeciso
se devia ter partido, incerto se queria ter chegado.
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