B

É cedo pra pronunciar teu nome. É cedo pra olhar teu rosto. Cedo pra sentir teu cheiro.
Haverá de chegar a hora?
Talvez tenha sido ontem, mês passado, há vinte anos?
Já é tão tarde.
Hoje colhi algumas das tuas fotos nos teus diversos sites e fiz um álbum. São quatro ou cinco fotos e em cada uma pareces absurdamente outra. Aquela com tua mão sobre o livro de Osmar Oliva me perturbou. Carta para Poe, fiquei assoberbado qual como por uma clarividência.
Vim te escrever com a cabeça fervilhando de dez mil palavras e um método dissimulado de te dizer o que penso de você. A Língua do B. Língua que sempre tive e é minha nova língua. Começa por teus olhos, passando por teu nariz, tua boca, teus lábios fartos, as duas pintinhas na tua garganta, vou parar aqui.
A mão sobre o livro é tua? Com a argola no polegar?
E que esmero no esmaltado das unhas. Classy, como diriam os americanos. Ah, que me apaixono muito facilmente por mulheres elegantes. São tão estranhas a este meu mundo de caos em permanente derretimento e reconstrução para se dissolver em seguida no ciclo incessante do meu refazer.
Teu licor pelando de quente terei de aguardar que gele.
Teu champanhe sólido de gelo terei de esperar que ferva.
E, ao misturar a ambos, num tempo que não seja prematuro nem tardio, quando estarei pronto para o ritual da tua celebração, tentarei crer no milagre de que esse sorriso na tua foto seja para mim.


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