A longa fila dobra a esquina. Depois a
outra e a outra. Quase dá volta no quarteirão.
Homens, mulheres, moças e garotões trocam
de pé de apoio, abrem e fecham os punhos, bocejam, resmungam, torcem o nariz,
fazem as mais variadas caretas.
À medida que, lentamente, se aproximam da
porta do modesto sobrado malcuidado e de paredes descascadas, vão lendo
demoradamente a placa pendurada sobre a soleira:
“FECHAMOS OLHOS. TAMPAMOS OUVIDOS.
CALAMOS BOCAS. ABAFAMOS VIDAS.”
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