Quem diria?

Reescritura de "Fato"

Não imagino quem me imaginas
O pensamento veio assim do nada e se aboletou acima dos outros
Quem diria? não imagino quem me imaginas
Surgiu há uns três minutos e lá se ia pro buraco do esquecimento, com bilhões de outros, se eu não tivesse teimado em salvá-lo
Quando surgiu, me empolguei — parecia a minha saída
Por ele exterminei os que vinham atrás
(É que, sabe, me conheço um tiquinho, sei como funciono, extermino agora pra retornarem depois, já não me preocupo tanto)
Pensando bem, não imagino quem me imaginas
Nem é preciso pensar tão bem
Não imagino quem me imaginas
Por que agora já não faz tanto sentido?
Era ou não era meu remédio?
Não imagino quem me imaginas
Por que sou tão volúvel?
(Não se preocupe, não vou enumerar as milhares de razões por quê
Afinal, sei, ufa, como me imaginas)
Não ia dar conselho algum — não sou de dar conselhos, não gosto que me deem conselhos
sim, não imagino quem me imaginas
Com a língua entre os dentes, numa salada amarga de raiva, despeito, ternura e transcendentalismo
Quem diria? não imagino quem me imaginas
De repente nem quero

Nenhum comentário:

Postar um comentário