Minha adorada

Mesmo mudo hoje preciso cantarolar que
Em minha estranha existência de combates vãos
Que travo só para no fim ver minhas derrotas
Recompensadas por teus braços e em meus
Enevoados labirintos em que teimo dia a dia
Em me enfiar só para que você me busque
E me encontre e me salve e nos acessos de
Raivosa indignação que me permito só para
Que você me aquiete e nas causas de vida
Ou morte em que tolamente teimo em deixar-me
Absorver só para esperar que no fim você mais
Uma vez fale mais alto e me defenda e me
Ressuscite e nos descaminhos e nos becos sem
Saída e nos apuros em que cego finjo que enxergo,
Em que caído finjo que caio,
Rodopio, pesquiso, brinco com a morte, desafio,
peroro, debato tolamente comigo mesmo, neste
13 de maio de 2003, ainda sob forte influência
da doçura com que tão ternamente me embala
dia após dia teu olhar, ainda sob forte influência
do calor do teu corpo ao meu lado na cama, ainda
Sob forte influência dos sonhos bons que ainda
Posso ter só porque tenho você, eu, que tão
Tolamente teimo em me enrolar só para que
Você esclareça e em me iludir só para que você
Me desimpeça e em amedrontar só para que
Você me desassombre, hoje acordei e sem me
Dar conta pus-me a cantarolar com vontade de
Viver e pus-me a viver com vontade de cantarolar,
Cantarolar, cantarolar, cantarolar, cantarolar,
Cantarolar que estou grato neste dia 13 de maio
E em todos os outros dias da minha vida por ser
Capaz de te chamar meu amor

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