Guerra e paz

Morreu um vizinho, um vizinho morreu.

Cessaram as velhas escaramuças que existiam entre nós outros, os que sobraram. Formou-se uma trégua tácita, dessas que só eram possíveis na I Guerra Mundial quando batalhões de ingleses e alemães depunham as armas para criar duas equipes de futebol e tirar uma pelada enquanto permitiam as circunstâncias .

Vizinhos que há anos tinham virado a cara pra mim e eu pra eles, me vendo sair com Zezeí e Quico para um dos três passeios diários que fazemos diuturnamente e, como quer Dilma, noturnamente, vieram trocar uma prosa e a trégua virou paz.

— Viu só o Geraldo?

— Fígado, não foi?

— Pois é. Vinha escondendo de todo mundo.

— Melhor assim. Viver sofrendo pra quê? Agora vai descansar, coitado.

Vamos ver por quanto tempo irá a paz perdurar. A morte tem esse dom de nos fazer cúmplices da vida. Por pior que esta seja.


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